sexta-feira, 19 de março de 2010

O VALOR DE SER POLIGLOTA

O VALOR DE SER POLIGLOTA


* Renato Vieira

A globalização e os avanços tecnológicos encurtaram a distância entre os países e a comunicação entre as pessoas. Dentro desta nova arquitetura mundial, um mundo unipolar começa a ceder espaço a um mundo multipolar.

Culturas completamente diferentes podem se relacionar com mais facilidades e o diálogo entre as nações passa a ter uma característica que é talvez a cara do século XXI, o multiculturalismo. E o que pode caracterizar mais uma cultura do que sua própria língua? O que pode identificar melhor um povo num primeiro momento do que o modo de se comunicar? E como fica a comunicação entre os povos, em um mundo onde existem mais de 6 mil idiomas falados por todo o planeta?

Neste complexo conjunto de línguas e de culturas tão diferentes, a percepção que se tem é do quanto é importante o conhecimento de outros idiomas. O domínio dos códigos de linguagem viabiliza a comunicação e amplia a compreensão entre indivíduos de diferentes culturas. O aprendizado de uma nova língua significa reduzir barreiras resultantes das singularidades culturais. Neste momento, chego ao verdadeiro tema deste artigo: o valor de ser poliglota num mundo complexo de sociedades plurais.

Se hoje vivemos em uma conjuntura em que vários países mantêm estreitas relações sociais, culturais e principalmente econômicas, quem sabe se comunicar em outras línguas seguramente está em vantagem. Se o aprendizado de uma determinada língua já se tornou regra, sugere-se a abertura para o conhecimento de outras. O mais fascinante em todo este enriquecimento intelectual e comunicacional é o fato de que falar uma língua ou pertencer a uma determinada cultura não significa a eliminação da outra.

As motivações para aprender mais de um idioma podem ser variadas. Uma preferência pessoal e subjetiva pode ser fator determinante. Os planos de estudar fora e realizar um intercâmbio estão entre os motivos que levam milhares de estudantes brasileiros a aprender outra língua. Os acordos entre universidades estrangeiras têm possibilitado a um número considerável de estudantes a chance de vivenciar uma experiência estudantil além das fronteiras de seu país. Esse é um bom sinal de que as trocas acadêmicas em diferentes países podem tornar mais próximas diferentes culturas.

No entanto, é no mundo dos negócios que a questão do idioma torna-se mais latente. Uma empresa brasileira que tem contatos com outros países precisa ter, em seu quadro de funcionários, profissionais que saibam se comunicar com outros povos. Falar a língua local e entender a cultura vigente podem ser fatores decisivos para o sucesso nos negócios desde sua fase de planejamento e posterior implantação.

Temos exemplos históricos em que as relações econômicas deram ou estão dando o tom do interesse por determinados idiomas. O fato dos Estados Unidos serem a primeira economia global e parceiro comercial de inúmeros países fizeram com que o inglês se tornasse a primeira língua no show business. Mais recentemente, o mandarim, falado por mais de 1,2 bilhão de pessoas, também conquista seu espaço. O crescimento econômico da China tem levado um número cada vez maior de pessoas de diferentes países a estudarem o idioma mais falado no mundo.

O francês também está em todo o mundo corporativo. São 56 países que têm o francês como sua língua nacional e existem outros em que é a sua segunda língua, como no caso de alguns países da África do Norte. Hoje são mais de 600 empresas francesas que atuam no Brasil e empregam mais de 1 milhão de profissionais. Os acordos bilaterais assinados pelos presidentes Lula e Sarkozy prometem aumentar ainda mais estes números. O setor naval, por exemplo, já procura quem domina o francês, pois a construção e transferência de tecnologia de submarino nucleares passa pelo acordo entre os dois países.

Francês, inglês, espanhol, mandarim, italiano, alemão e outros tantos idiomas. O mercado de trabalho globalizado, longe de ser uma Babel, relaciona-se em todas estas línguas. E os profissionais que as dominam sabem muito mais do que falar e ouvir. Trata-se de interpretar uma cultura diferente e isto é muito valorizado nas relações comerciais e de trabalho.

O valor de ser poliglota pode ter uma importante participação no currículo de um candidato. Sai na frente aquele profissional que pode ser um facilitador dos negócios da empresa por suas habilidades com outras línguas e culturas. Onde as fronteiras diminuem a cada dia, os poliglotas se destacam por serem cidadãos do mundo.

* Renato Vieira é diretor de comercial e de marketing da Aliança Francesa de São Paulo

Fonte: http://www.segs.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=4911:o-valor-de-ser-poliglota&catid=45:seguros&Itemid=324

Nenhum comentário:

Postar um comentário