O aprendizado do idioma inglês estava antigamente associado a status, cultura ou significava apenas uma disciplina a mais no currículo escolar do antigo 2º grau. Atualmente, aprender uma segunda língua é uma necessidade premente para ampliar o conhecimento sobre os fatos que acontecem no mundo, formular pesquisas acadêmicas e conhecer pessoas através das novas tecnologias.
As crianças de hoje são ‘nativas digitais’, pois nasceram num mundo globalizado e informatizado, onde o acesso à informação está disponível por meio dos diversos veículos de comunicação, em várias línguas. Mesmo muitas delas não tendo a oportunidade de estudar de maneira aprofundada o idioma, as crianças têm acesso ao inglês passivo presente nas teclas dos computadores e controles remotos, em músicas, filmes, musicais, propagandas e jogos de vídeo game. Não podemos negar que hoje vivemos envoltos por vários idiomas. O aprendizado de uma segunda língua é, assim, fundamental. Afinal, quando uma criança precisa fazer uma pesquisa na escola, não recorre mais às enormes enciclopédias. Elas “google it”, ou seja, fazem pesquisa na internet, em inúmeros sites. O “Google” é tão usado que sua marca virou verbo: “to google”.
Existem vários mitos a respeito de qual a melhor idade para se aprender um segundo idioma. Acredito que o período de máximo aprendizado se dá na infância, quando as crianças não têm vergonha de se expor e de experimentar o novo. Segundo pesquisa da University College, de Londres, a melhor idade é entre os 5 e 10 anos. Ao avaliar os cérebros de 105 pessoas, os pesquisadores constataram que aquelas que cursaram inglês nessa fase da vida fizeram mais conexões cerebrais, registraram aumento da massa encefálica e, portanto, adquiriram mais chances de serem fluentes na língua. Então, quanto mais cedo a criança tiver contato com outra língua, mais fácil será o aprendizado.
Como o aparelho fonético-fonológico das crianças ainda não está totalmente formado, outro benefício de se aprender um segundo idioma desde cedo é a facilidade em pronunciar palavras que se utilizam de diferentes movimentos de articulação oral. Palavras em inglês que possuem o fonema “th” e as que começam com “r” em espanhol, por exemplo, geram muita dificuldade de pronúncia entre adultos brasileiros. Já entre as crianças essa dificuldade é menor.
Para que as crianças se sintam motivadas a aprender Inglês, é fundamental agregar o ensino a atividades lúdicas e dinâmicas. Não dá mais para ensinar simplesmente com livro, caderno, lápis, borracha e lousa. No caso do ensino de línguas, muitas vezes a escola faz o processo inverso. Ensina-se a ler, a escrever e a traduzir palavras e textos fora da realidade do aluno. Para quê isso? O que o meu aluno vai fazer com estas informações? Vale lembrar outro aspecto: os ‘nativos digitais’ possuem um excesso de estímulo, recebido principalmente da televisão. Com isso, a qualidade e a velocidade do pensamento mudam, causando a SPA* (Síndrome do Pensamento Acelerado), ou seja, a cada hora o cérebro recebe mais de sessenta personagens diferentes, que ficam registradas na memória. Então, como um professor pode competir com esta quantidade de informação que é processada na cabeça do aluno? É aí que entra a utilização de recursos tecnológicos em sala de aula.
As escolas devem perceber que as crianças e jovens precisam ser conquistados para um bom ensino de línguas através da utilização dos mais avançados recursos multimídia e dentro uma estratégia de aprendizagem focada na comunicação oral. Com isso, desde pequenos, podem aprendem a cantar, a reconhecer palavras através da compreensão oral e a elaborar diálogos em situações reais de comunicação.
A necessidade de se aprender um segundo idioma atualmente, é sem dúvida inquestionável, principalmente para países que promovem eventos internacionais e que oferecem através de suas belezas históricas e naturais, demandas turísticas grandes, como é o caso do Brasil. Está mais do que na hora de, assim como países como a Estônia, Chile e China, do Brasil priorizar um ensino de línguas com qualidade na escola pública. Não é possível um aluno passar 4 anos “aprendendo” inglês na escola e sair procurando o “Tóbe”. Quem sabe se, com a Copa do Mundo (2014) e os Jogos Olímpicos (2016) no Brasil, o ensino de línguas estrangeiras não veja a necessidade de repensar as estratégias de ensino-aprendizagem e o uso de tecnologia dentro de sala de aula, desde a infância.
O artigo foi escrito por Camila León, que é Coordenadora da divisão Diálogo Idiomas – Vitae Futurekids/ Planeta Educação; Consultora em Língua Inglesa do portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br); especialista em Ensino de Língua Inglesa pela Universidade de Taubaté e graduada em Letras pela Universidade do Vale do Paraíba.